domingo, 13 de março de 2011

Como guardar a infância por toda a vida

Paraíso de brinquedo
Ou como guardar a infância por toda a vida

     Dá para imaginar, tudo, mas tudo mesmo, que se relaciona a automóveis e veículos sobre rodas de modo geral, em uma coleção reunida em duas salas? Difícil. Mas, creia: é a mais pura realidade materializada em Itaipava, na casa de veraneio do administrador e publicitário José Augusto Wanderley. O espaço batizado como La Petite Galerie du Jouet (A Pequena Galeria do Brinquedo), para a apreciação exclusiva de seu proprietário e amigos, não é algo simples de se descrever com precisão em um espaço limitado; mas, vamos tentar.
     A galeria foi montada em duas baias da antiga cocheira da casa e abriga peças tão distintas como miniaturas de carros de todas as marcas e modelos imagináveis; peças promocionais como bonés, chaveiros, relógios, etc.; bonés, pôsteres, DVD’s, revistas, fotos, caricaturas de grandes pilotos da Fórmua 1 e mais uma série de itens. Embora o foco principal seja dirigido ao universo automobilístico – o colecionador estima em cerca de três mil o número total de miniaturas - estão ali ainda objetos ligados a trens, bicicletas e outros veículos, reunidos nas salas André Gustavo, filho já falecido de Wanderley e que compartilhava com o pai a mesma paixão, e Eduardo Regal, amigo e compadre do colecionador, que costuma presenteá-lo com peças para a galeria.
     A explicação para o ecletismo, assim como para o nome da galeria, é simples e quem a oferece é o próprio colecionador: “procurei reunir tudo com o que um dia já brinquei ou com que, de alguma forma, tenha me envolvido; aqui não há nada de uma sofisticação tal que eu não tivesse condição de ter, brincar ou ganhar, pelo interesse que sempre demonstrei”. Como prova de que o propósito lúdico da coleção é legítimo e nenhum objeto tem maior ou menor importância, estão também em exposição a buzina de uma antiga bicicleta de Wanderley, assim como um carrinho de mão, no estilo “Os Batutinhas”, com que brincava na infância. A paixão pelos automóveis, entretanto, ultrapassou o campo das brincadeiras em determinado momento da vida do administrador. Ele chegou a pilotar - nas categorias Karting, Turismo e Rali -, mas, como prefere colocar: “sempre de forma amadorística, nada profissional”.
     O que não o impediu de levar muito a sério o interesse pelos carros. Na coleção há de tudo um pouco: modelos mais representativos das marcas mais importantes, com a evolução de cada uma delas; os de importância histórica, os imortalizados pelo cinema e pelos gibis e ainda outras variadas categorias. Integram a coleção, por exemplo, uma réplica do Lincoln que conduzia John F. Kennedy, em Dallas, no dia de seu assassinato, com direito a bonecos do presidente norte-americano e da primeira dama Jaqueline Kennedy; a reprodução do modelo usado no primeiro filme da série 007, que traz os mesmos mecanismos do original, como o banco do carona ejetável; o furgão dos “Caça Fantasmas”, o De Lorean DMC-12 da trilogia “De volta para o Futuro” e o jipe militar guiado pelo Recruta Zero; e por aí vai.
     Entre as peças com representatividade na história do automobilismo, um dos pneus do carro de Leonardo Cordeiro, campeão sul-americano de Fórmula 3 em 2009; e uma das 41 peças, retiradas do carro desmontado de Felipe Massa, comercializadas acompanhadas de certificado de autenticidade, após uma corrida em que ficou na sétima posição. Neste mesmo rol encontra-se ainda uma relíquia para os fãs da Fórmula 1: um boné atirado para o público por Ayrton Senna e presenteado a Wanderley pelo amigo Paulo Félix, que teve a sorte de pegar o suvenir ao final do GP Brasil de 1994. O ídolo brasileiro, inclusive, merece destaque na coleção, com réplicas dos carros de todas as equipes em que esteve, fotos, vídeos e outros itens.
     Embora declare sua preferência pelos modelos produzidos pelo grupo Fiat e tenha apreço especial por um ou outro modelo da coleção - como uma réplica do primeiro carro que teve, um DKW caminhonete, aos 18 anos -, o administrador não demonstra predileção explícita por uma ou outra peça exposta na galeria. A cada mês, ele seleciona uma delas para exibir em destaque sobre um pedestal giratório.
     A ligação com a cidade que sedia a galeria e que Wanderley freqüenta desde criança também está representada de diferentes formas na Petite Galerie du Jouet. Um dos modelos expostos reproduz fielmente, o Buick Flexible, ônibus que fazia a rota Rio-Petrópolis nos anos 50 e 60, partindo da Praça Mauá, inclusive com a exibição do nome do destino no painel dianteiro. Um trecho do texto produzido por ele como justificativa para a organização do espaço também evidencia seu amor por essas terras: (...) quanto à escolha do lugar, não poderia deixar de ser aqui, nas terras de Itaipava, por sua magia e encantamento (...), lê-se em um quadro pendurado na galeria.




Materia de Luciana Cardoso para a Revista Estações de Itaipava, fotos de Henrique Magro enviado por José Augusto Wanderley

Um comentário:

  1. Sensacional. Temos que conhecer o Zé Augusto para fotografar melhor este "sonho"!!!

    ResponderExcluir